terça-feira, 13 de março de 2012

Estágios: os que são e os que não são?!?

Ao escrever o post anterior, fui confrontada com a a actual lei que rege os estágios (esta). Confesso que estava por fora deste assunto há algum tempo e a minha amiga T. que colabora aqui no tasco e sabe de leis (ui! se sabe!) veio logo alertar-me que a actual lei já não tem nada que ver com a anterior, proposta após o 12 de Março de 2011 - em que se estabelecia que quase todos os estágios teriam de ser remunerados, com algumas excepções particulares.
Hoje, ao ter de ir rectificar a informação do post anterior, que tinha a lei do ano passado, caiu-me tudo ao chão. Já sabíamos que este é um Governo Valha-nos-Deus-Nosso-Senhor, mas que o é tão escandalosamente numa matéria tão sensível como é a destruição do mercado de trabalho... bom...

Isto é o que está na actual lei:
Artigo 1.ºObjecto e âmbito1 — O presente decreto-lei estabelece as regras a que deve obedecer a realização de estágios profissionais, incluindo os que tenham como objectivo a aquisição de uma habilitação profissional legalmente exigível para o acesso ao exercício de determinada profissão.
2 — Encontram-se excluídos do âmbito de aplicação do presente decreto -lei:
a) Os estágios curriculares;
b) Os estágios profissionais extracurriculares que sejam objecto de comparticipação pública;
c) Os estágios profissionais regulados pelos Decretos-Leis n.os 18/2010, de 19 de Março, e 65/2010, de 11 de Junho;
d) Os estágios cuja realização seja obrigatória para o ingresso ou acesso a determinada carreira ou categoria no âmbito de uma relação jurídica de emprego público; e
e) Os estágios que correspondam a trabalho independente. 
Fiquei sem saber então a que estágios se refere esta lei. Pelo que percebi, estão excluídos os estágios curriculares e os extra-curriculares; os estágios que dão acesso a uma carreira ou a um contrato de trabalho e os estágios a recibos-verdes. Ou seja, quase todos.
Percebi bem? Se sim, queria tanto saber quais são os 2 ou 3 estágios que se podem incluir nesta lei. Parece que agora (como sempre) a excepção está nos estágios remunerados. Olha que novidade. :[

segunda-feira, 12 de março de 2012

UnHappy Birthday

Faz hoje 1 ano que fomos para a rua.
Soube-nos mesmo bem mostrar que não estávamos satisfeitos, que as coisas não podiam continuar assim. Conseguiu-se uma mudança na lei dos estágios (err... bom... assim-assim) mas que não é cumprida, como se poderá ver a seguir. O Governo caiu, o FMI veio em nosso resgate (mau... resgate?!? E afoga-nos em vez de nos puxar para o salva-vidas... ok, continuando...), temos um Governo que-valha-nos-Deus-Nosso-Senhor e um Presidente que fala quando não deve e fica calado quando é preciso que fale.

Mas a realidade da precariedade e da rasquice continua mais ou menos a mesma. Ou praticamente, a mesma.

Afinal, e após uns meses de intervalo, ainda temos quem nos envie estas pérolas (Obrigada A.). "Porreiro, pá!". Tudo na mesma como a lesma. É isto, um ano depois.

http://www.cargadetrabalhos.net/2012/03/07/designer-estagiario-curricular/

Os senhores da Youngad sabem bem o orçamento do que pedem. E querem que lhes fique de graça. Da experiência que eu tenho, o que aí pedem é qualquer coisa que se costuma pedir a empresas inteiras, com budgets de alguns milhares. Mas estes senhores acham que há-de haver um totó (e é capaz de haver mesmo - isso é o que me entristece profundamente) que acredita que vai ficar a trabalhar nesta empresa depois de lhes ter OFERECIDO um projecto desta dimensão e ter trabalhado DE BORLA durante 6 meses. Eu ainda aceitaria um método de selecção com uma peça gráfica como teste mas nunca para um estágio.

Mensagem para o Totó que está a pensar concorrer: PELO MENOS, acerta com eles um contrato em que NÃO POSSAM usar este trabalho nem NENHUM elemento que lhes forneças, caso não fiques com o lugar. Se conseguires o lugar (queres mesmo?!), chateia-os até te pagarem o que te é devido. Se não sabes, está aqui ( Decreto-Lei n.º 66/2011 de 1 de Junho ). E DEIXA DE SER TOTÓ! Essa coisa de "fazer curriculum" só serve para te encher o ego fazer-te pensar que vais ter uma carreira de sucesso como designer - que espero que a tenhas, mas é uma hipótese em 100 mil - e que agora estás numa empresa "muita fixe" e não estás nada, porque é uma empresa que explora o teu talento e nem to paga. A tua barriga e a tua conta bancária vai continuar lisa! ACORDA!

sábado, 3 de março de 2012

Recibos verdes aumentam 80%


recibos verdes

Mais de 140 mil portugueses trabalhavam com recibos verdes no final de 2011, uma subida sem paralelo de 80% face a 2010.
Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) a que o Económico teve acesso mostram que são os portugueses com menos de 34 anos que mais trabalham com contratos de prestação de serviços (recibos verdes ou semelhantes).
Num ano em que a taxa de desemprego atingiu o máximo histórico de 14%, o número de trabalhadores com este regime laboral disparou 83% face a 2010, o maior aumento anual de que há registo. No global de 2010, o número de recibos verdes até tinha descido em 5%.
Os dados do INE também mostram que do total de 140,5 mil pessoas com este tipo de contratos que existiam em Portugal no final de 2011, a maior fatia correspondia a portugueses com o Ensino Básico, num total de 78,4 mil, um valor que corresponde a quase o triplo do verificado em 2010. Também havia perto de 39 mil licenciados a trabalhar neste regime, mais 13% do que no ano anterior, e 23,4 mil portugueses com o ensino secundário e pós-secundário.
No que diz respeito à distinção por faixas etárias, a maior percentagem de portugueses com contratos de prestação de serviços tem entre 25 e 34 anos, num total de 47,3 mil trabalhadores, um cenário que se verifica desde que começam os registos. Outros 27,6 mil portugueses entre os 35 e os 44 anos também trabalhavam com recibos verdes (o que traduz um aumento de mais de 50% face ao ano anterior).
Hoje, o INE também divulgou que a taxa de desemprego aumentou para 14% no final de 2011, um máximo histórico, num ano em que a economia portuguesa registou uma contracção de 1,5%. Mais de um terço dos jovens com idades entre os 15 e os 24 anos de idade estava sem emprego no final de Dezembro.
in Económico

Axes Market avança com Providência Cautelar contra o blog do PI

Axes Market avança com Providência Cautelar contra o blog do PI


Quinta-feira, 1 de Março de 2012

Axes Market avança com Providência Cautelar contra o blog do PI

Depois de ameaçar os administradores do blog do PI com um processo, a empresa Ambição International Marketing Lda (Axes Market)intentou uma Providência Cautelar para tentar apagar mais de 300 comentários e testemunhos escritos por centenas de pessoas no blog do PI.
Este processo resultará em julgamento e foi devido a um post de 10 de Maio de 2011, com um texto de denúncia de um candidato a trabalho na empresa Axes Market que podes ver aqui: http://www.precariosinflexiveis.org/2011/05/testemunho-axes-market.html

Divulga este post e a informação associada.

Ver também:
Axes Market oferta de emprego fraudulenta (queixas.net)-http://www.queixas.net/axes-market-oferta-de-emprego-fraudulenta/



Terça-feira, 10 de Maio de 2011

Testemunho: AXES Market



Recebemos no nosso mail um testemunho de uma pessoa enganada por uma empresa fraudulenta que se aproveita da fragilidade do desemprego para conseguir arranjar trabalho grátis. Segue o testemunho na íntegra:

Car@s Precári@s,

Contacto-vos porque, no início deste ano, ao procurar um emprego em part-time para conciliar com a faculdade, acabei por ser vítima de uma suposta empresa de marketing que chegara a Portugal em Agosto de 2010 e se encontrava (e encontra) a recrutar colaboradores.

Ficam, ainda, muitos pormenores escabrosos por relatar, pois a lista é quase infinita. Gostaria apenas, por enquanto, de alertar tod@s @s jovens que se encontram à procura de emprego para que não caiam nesse esquema. Eles têm anúncios em sites de emprego legítimos, e ao que parece, mudam o nome e a localização dos escritórios com alguma frequência, portanto é possível que se venham a deparar com a mesma empresa sob outro nome. De momento, o nome AXES MARKET continua a constar nos anúncios.

O que aconteceu, resumidamente, foi o seguinte:
Enviei o meu currículo através do site "Empregos Online" e fui contactada no dia seguinte para marcação de entrevista. Perguntei a quem me deveria dirigir quando chegasse ao local e informaram-me de que só teria que dizer que vinha para entrevista, pois esta seria realizada pelo director. Solicitaram-me, ainda, que levasse uma cópia do meu currículo.

No dia seguinte, dirigi-me ao 6ºesquerdo da Rua Rodrigues Sampaio nº 30, onde fui entrevistada, em inglês, por um norte-americano (o director) que falou muito rapidamente acerca da função a desempenhar e me disse que, entre os cerca de trinta entrevistados naquele dia, menos de dez seriam contactados para a segunda fase de selecção.

No final do dia, a empresa entrou em contacto comigo para informar que tinha sido uma das escolhidas, e que deveria comparecer no dia seguinte às 12h30, vestida profissionalmente mas com sapatos confortáveis, pois iria acompanhar um colaborador ao longo do dia de trabalho. Pediram-me, ainda, que confirmasse a minha disponibilidade entre as 12h30 e as 20h, visto ser este o tempo que deveria permanecer com o colaborador em questão.

No dia seginte, fui então para o "terreno" com aquele que viria a ser o meu "leader" e mais dois colegas. O primeiro começou por fazer-me perguntas básicas: a minha experiência profissional, os meus objectivos, etc. Quando lhe disse que já tinha tido alguns empregos de Verão em lojas e que gostava do contacto com o público, ele respondeu: "Pois, mas vendedor qualquer idiota pode ser. Nós estamos a recrutar líderes, e a fase das vendas directas não é determinante, é apenas parte do processo.". Eu não me recordava de me ter candidatado a chefe de equipa uma vez que, como já referi, sou estudante e estava apenas à procura de um part-time - mas enfim, se encontrasse algo melhor que um call center não me faria rogada. Posteriormente, fui bombardeada por uma série de questões e informações acerca da área das vendas directas (porta-a-porta), enquanto, literalmente, corria atrás do tal líder. Tive ainda que responder a um questionário sobre os meus pontos fortes e fracos (10 de cada), bem como mencionar 15 características de um bom líder. Para além disso, foi-me pedido que respondesse a 3 adivinhas e que dissesse como imaginava a minha vida em 1, 5 e 10 anos. Tudo isto enquanto subia e descia escadas.

Á hora de almoço, o "líder" fez numa folha do meu caderno um esquema da progressão dentro da empresa e das remunerações, sendo que, na fase inicial, um colaborador receberia entre 250 a 300€ por semana, passando depois a 500 e assim sucessivamente. O horário de trabalho seria de segunda a sexta, entre as 11 e as 21h, sendo, no entanto, totalmente flexível para trabalhadores-estudantes.

Às 22 horas desse mesmo dia, completamente encharcada e cheia de feridas nos pés, caminhei com o líder até à estação do metro, onde este me disse que eu parecia ser uma pessoa empenhada e com muita força de vontade, mas não era extraordinária em nada e, assim sendo, ele não sabia se devia ou não recomendar-me ao director. Pediu-me que lhe dissesse o que tinha, então, de especial para ser escolhida entre os 5 que tinham passado à esta fase, pois só iriam ficar com uma pessoa - ou nenhuma, se não houvesse um candidato realmente à altura. Pressionou-me até eu responder que não sabia mais o que me distinguia dos outros e que, embora gostasse de ficar com o emprego, não teria qualquer problema se não fosse seleccionada, uma vez que respondera a diversas ofertas.

No final, fui novamente ao gabinete do director onde, surpreendentemente, este me deu os parabéns por ter sido seleccionada e que deveria começar no dia seguinte.

No dia seguinte, houve um "Opportunity Meeting" com o director, onde nos foi feita uma lavagem cerebral, cujo objectivo era fazer-nos crer que ganharíamos um bom ordenado ao mesmo tempo que progredíamos na carreira, e tudo isso dependeria apenas da nossa dedicação. Essa dedicação, como vim a verificar nas 3 semanas em que estive na empresa, consistia em trabalhar DOZE HORAS POR DIA, 6 DIAS POR SEMANA, recebendo apenas uma comissão de 20 ou 30€ por venda - e, como é óbvio, nem sempre se vendia, principalmente porque nos enviavam para a mesma zona de dois em dois dias. As despesas de deslocação e alimentação eram por nossa conta pois, teoricamente, éramos trabalhadores independentes.

Dada a dificuldade de encontrar na internet qualquer informação relevante acerca da empresa (que tem, pelo menos, três nomes) optei por pesquisar o nome do director e as minhas suspeitas confirmaram-se: a empresa não passa de um esquema para encher os bolsos de quem está no topo, não tanto através das vendas, mas sobretudo do recrutamento de "distribuidores" (nas três semanas em que lá trabalhei, entraram pelo menos vinte novas pessoas), que serão, também eles iludidos pela promessa de crescimento profissional e sugados por charlatães que tentam a todo o custo afastar-nos da realidade e que nos querem fazer crer que somos uns preguiçosos se o dia de trabalho não nos corre bem – mesmo depois de termos passado o dia inteiro à chuva, a bater a portas e a ouvir reclamações.

Eu saí da empresa a um mês depois e até hoje não recebi um cêntimo pelas vendas que fiz. Recusei diversas entrevistas de emprego por achar que estava a trabalhar numa empresa a sério, e agora continuo sem trabalho – e com receio de voltar a deparar-me com uma situação semelhante.

Ficam, ainda, muitos pormenores escabrosos por relatar, pois a lista é quase infinita. Gostaria apenas, por enquanto, de alertar tod@s @s jovens que se encontram à procura de emprego para que não caiam nesse esquema. Eles têm anúncios em sites de emprego legítimos, e ao que parece, mudam o nome e a localização dos escritórios com alguma frequência, portanto é possível que se venham a deparar com a mesma empresa sob outro nome. De momento, o nome AXES MARKET continua a constar nos anúncios.